26.5.06

Não venha me falar
dos seus sentimentos aqui.
Me dá nojo todo o
procedimento seguido.
Tivesse ficado em casa,
longe de mim, remoendo
as dores que você achou
enfiadas no cu e que
diz agora sentir por mim.

O fato é que
você morre de medo
de me olhar nos olhos
porque eles estão secos
e eu tenho os punhos fechados,
como se ao fim
desta sua história ridícula
de amor construído
e de sentimentalismo,
eu fosse arrebentar
a sua cara.

Jamais quebraria estas mãos
que ganhei de meu pai.

Sorrio, agradeço e me ocorre
que seus filhos nunca serão metade
dos filhos de meu pai,
e que você nunca entenderá
o que é uma casa como meu pai.
Da minha fraqueza
descontruo a sua.

Vá para casa,
por favor. Brigue
com seus filhos,
foda sua esposa,
tome sua cerveja,
brinque com seu
vinho vagabundo.

Meu pai me ensinou
a rir de você,
a tomar arak,
a acordar toda madrugada
em busca da respiração leve
de minha mãe, chorando por ele.
Meu pai me ensinou
a odiar sua pretensão
de ser poético.

Volte para casa.
O dia insiste em levantar,
mesmo para mim.

Um dia eu farei o favor
de me ausentar
de seu velório como
você deveria do de meu pai.
Sua família terá os olhos cheios de água,
mas será rápido: você nunca teve competência
para ensinar sobre o inexistente e o sutil.

Você não deixou nada.

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