21.7.06

As tesouras voltaram,
o chão de concreto fechou-se.
Dentro de mim restou meu corpo cortado,
meus olhos largados,
restou a última folha.
Restou o último fiapo de dinastia
que lograram sobre nós,
sobre esses cômodos desajustados.

Abandonamos o lar sem nada, alguns trapos e uma absoluta falta de coragem.]
Você não sabe o que é viver até que se machuca sozinho, para saber o que é sangue de novo.]
Faz tempo demais que me esqueci o que é sentido.
Como se o gás estivesse entrando pelo chuveiro quebro os dedos nas paredes.

Elas não saem masi, as tesouras,
os moinhos mudos, o ruído de vespertino emudeceu
e agora passo as noites contando estrelas que não estão mais lá.

Eu não sei mais a cor de seus olhos,
o toque de sua pele,
o peso do seu suspiro na minha orelha.
Restou uma memória mecânica.
Minhas mãos sabem onde está seu vestido,
suas alças, suas travas, mas tudo o que restou foi estas folhas.

Eu não sinto mais falta de respirar
tanto quanto sinto falta da dor do seu retorno.
Sinto uma terrível falta de doer por dentro,
de agonizar a noite toda esperando uma luz que me acordasse
que apagasse as estrelas e que colocasse,
no canto mais escuro,
aquele, que arei escondido de você,
a implosão de som que havia criado, escondido sob as flores.

Os ecos de chantagem fazem tremer as paredes desta casa em ruínas.
Fugimos para cá para nos tornarmos mais fortes.
Destruímos nosso caminho para que só nós pudessemos voltar atrás de vingança,]
criamos sentido no toque dos dedos, no cair dos cabelos. Criamos sentido para o caminhar, e de nossos rituais secretos, de nossa religião de messias,]
nasceu a indizível honra de sermos império.

Tomaremos seus lares, seus ódios, suas crianças
criaremos nela a honra de serem império,
criaremos nela o orgulho deserem seus filhos,
porque em sua facilidade,
em seu medo de amar o nada,
vocês largaram para trás o surreal
e esqueceram como se conta a verdade.

Em seus olhos roxos,
em seus estupros,
estão a verdade de um povo fraco.

E tomaremos seus lares, seus ódios.
Tomaremos seus filhos.

E assim, plantaremos nos campos as árvores,
e em nossos rios, o seixo há de ser o mais negro
sob o céu cinza.
Vocês caminharão sob este seixo e levarão oas agúrios para longe
deixarão todos numa caixa qeu esqueceremos,
até que chegue a hora de amarmos novamente.

Neste dia eu voltarei para casa,
e sob os escombros encontrarei o esquecimento,
sob os escombros encontrarei o esquecimento.
Sob os escombros, encontrarei a volúpia do abandono
e nela o vazio que tomará montanhas.

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