29.8.06

Solidão é difícil porque sempre há alguém.

27.8.06

Achei que tinha ficado mal por te ver,
escrevi todas as desculpas,
vi meu mundo todo doendo de saudade.

Acontece,
que era gripe.

26.8.06

Eu sei que você canta escondida
pelo jeito que você me olhou
quando te contei que toco violão.

Você achou um mundo só seu,
e gosta das coisas todas
no lugar.

Às vezes você tem dúvidas,
mas nunca diz. O seu livro
não tem orelhas nas páginas
como os meus.
É impressionante
como tudo mudou.
Tudo fez-se insano,
os dias, essas angústias compassadas,
viraram episódios de você.
Não sei se preciso de você
porque talvez seja mais forte
a minha fome de imensidão.
Você me lembra o quão imbecil
eu sou. Quem sabe não
faça falta para você que
eu colha os frutos da sua mágoa,
que eu contrui em mim
na falta de saber mais de você.
Sou eu o poço de mágoa,
asfixiado em mim mesmo,
nessa vida dupla de ser
eu e Deus o dia todo.
Vi nos seus olhos
eternidades de esquecimento.
Senti sob a língua o gosto de areia de sono e via imensidão estendida entre o chão e o teto, quase como nós, neste sofrimento sem fim.
É preciso esquecer a louruca,
todos os dias nos quais
eu quase caí vítima
de você e do seu esquecimento.
Houve dias em que eu fiquei
tão certo do seu abandono,
que me doeu muito afastar o insano.
A espiral de expiação
dos pecados próprios
engoliu minhas respostas
para seu olhar de descrédito.

Sou muito mais
do que meus defeitos,
muito mais
do que seus pecados.
Você me leu
em todas as coisas erradas
que eu não sou,
e eu, sem resposta,
te vi fugindo.

23.8.06

O frio amputou o ar,
criou uma centena de cenas
que me fazem soltar sorrisos idiotas.
Tenho me esforçado tanto,
que já não sei mais
se não vou esvaziar
se soltar as cordas que tanto doem.

Acontece que eu não sei se quero
esse lago de maturidade
preso em mim, doendo tudo
e me deixando sem forças.
Não sei se posso deixar
fugir de mim a honra
de acordar com as suas mãos.

Não entendo mais, como antes,
porque ser forte.
Tão vez seja o lago ruindo em mim,
descendo garganta a baixo,
uma agonia de ser menos do que
eu preciso, nesse desespero
de ser menos.
O vento tirou o pó
e tudo parece mais definido,
cada qual em seu lugar,
uma coesão que eu nunca tive.

Fico andando paralelo,
completamente fora de foco,
vazio de intenção, cortando
nervos e tendões.
Fico vazio por horas,
vendo os prédios e os outros,
aí você me inunda, mesmo
sem que eu te conheça.

Você me toma inteiro,
faria o que você quisesse
uma hora dessas.
Despi as palavras todas
para a solidão passar sem medo
de se apaixonar.
Olhando assim este presente
eu não sei se te darei,
o peso do nada cai nas minhas costas.
Você esqueceu o caminho de casa,
e quando eu me apaixonei de novo,
foi arrancando você do suor
que eu cai em desespero,
joguei fora toda honra
e me refugiei nestas cobertas
onde ainda dormem seus cheiros
do imenso passado.

22.8.06

Assisti a queda dos quiosques,
se espatifando nas ruas cheias.
Logo esta cidade toda
sera uma grande pilha de pó.
Não é sua culpa,
na verdade. Mas você, assim,
me deixa corado e querendo morrer.

Das coisas que me lembram de você

"Eu fiz de tudo
pra você me perceber."

"I like the way you move."

"Ser um fim em si mesmo é o bojo do princípio da dignidade humana."

20.8.06

Achei, por muito tempo
que minha vida era assustada,
que não havia espaço entre as coisas,
e que se você não dissesse
o que era ou não lindo,
eu ficaria perdido.

A gente cresceu
e eu vejo mais
nos meus silêncios
que no seu tudo.
Te levei pra fora
e contei que aquelas estrelas
eram gente salva de Juno.
Você não acreditou,
você não acha que é verdade
que eu possa construir um mundo só pra você.

Você está certa.
Você vive assim.
É só isso nós dois,
um absurdo de incongruência
que você aprendeu
a chamar de casa.

É só querer rasgar os pulsos
que você já acha que é amor,
e essa sua agulha que não vai terminar
não é bem a vida que eu quero pra mim,
porque eu tenho um mundo
a dominar, e um sentido da vida
pra descobrir.

Eu cortaria o mundo por você,
e você nem sabe,
o que é o mundo.

Ninguém vai te mostrar
o que está na sua frente,
mas se você precisar
que eu te mostre o passado
do que você não vê,
quem sabe bem cedo,
de olhos cerrados,
você consiga cortar ar
e ver através do nada.
Acordei bemol,
e tudo estava sustenido.
Sol fazia.
Só não fazia sentido.

- P.L.
Estou morrendo de saudade
da sua boca, dos seus olhos
eternamente cansados.

Yes, I'm drunk.

You've been around, way too much,
but I never really cared,
cause you were never worth it.
Now, we're all cool and friendly,
and I pretend,
I always do,
that I have no clue,
that you are
oh, so lonely,
that maybe the world is too heavy for you to lift.

Well, baby, guess what,
I'm much worse than you,
and when you cry,
oh, when you dare cry,
you should be ashamed.

You got no class,
you never did,
it takes some practice
and oh, what the hell,
it takes some genes.

But it's ok, I love you still
and I cry your sorrow of dafodyls.

That's what I do,
that's what I do.

But don't expect
"I love you too".

16.8.06

Parece que me importo
com o que você pensa.
Acho isso terrível.
É como se eu gostasse de você.
Gosto de seu eterno sono,
gosto de achar você perdida
entre um sonho e outro.
Te procuro nos bancos,
mas é tão difícil te achar
neste olhar desleixado.
Desaprendi a te olhar nos olhos
e esperar respostas boas.
É como se você estivesse longe demais.
Você me deixou um lagado terrível.
Este medo de ter um prazo,
esta certeza de que perdemos tempo demais
falando besteiras e lembrando bobagens.

13.8.06

Minha geração é fruto dos anos 90. Foi uma década idiota, de movimentos sociais idiotas e tudo era tão limpo. Sempre vou me lembrar dos anos 90 como uma década limpa. Mas ainda sim, crescemos numa década egoísta, de ONGs pretenciosas limpando nossos arrependimentos e culpas.

O passado parece bom porque é uma certeza. E como eu sinto saudade das certezas...
Saudade maldita, maldita saudade.

11.8.06

Hoje quero uma pausa de mil compassos.
Havia esquecido
o cheiro do seu cabelo,
e é como se fosse tarde
e o mundo ficasse enorme
como se o ar fosse seu.
Sei que das minhas falhas
crescem uma eternidade de futuros
que me deixam com muito medo de acordar.
Talvez, me apaixonar
seja só uma desculpa para procurar em você
tudo aquilo que tem faltado em mim.
Quando eu era pequeno,
ficava angustiado e
meu peito doía.

Hoje, minhas veias parecem inchar,
logo, é como se a angústia engrossasse o sangue
e eu fosse explodir em um pranto de mim mesmo.
Não posso ser nada menos do que ótimo,
nada menos do que brilhante.
Não sou nada disso.
Há algo de terrível
em tudo o que toco hoje.
Um terror enorme,
fracasso óbvio, líquido,
tomando tudo.
Reconheço o voltar da angústia
pelo peso dos meus fracassos,
cada dia mais insuportáveis e
fortes como muros.

8.8.06

Não consigo sentir nojo de mim mesmo por algumas das pessoas com as quais eu dormi serem idiotas. Elas ainda fazem as coisas pelas quais eu me apaixonei. Só que eu mudei, e elas, nem tanto.

Agora é aceito, até exijido, que eu fique trancafiado com uma pessoa com quem eu dormi e ouça ela falar como se não soubessemos como o outro é pelado. And I'm almost cool with that.

Crescer é realmente cômico.

6.8.06

Descobri que tenho raiva de você.
Pelo que você fez, pela saudade.
Tenho muito ódio quando minha voz é fraca
e não consigo imitar a sua
porque,
devagar,
estou me esquecendo desas coisas.

Quando sonhei com você tentei te bater,
esperando que você fosse me segurar,
me deixar cansado e me dizer que se lembra de mim.

4.8.06

Não tenho dó de você
e talvez por isso
você sempre volte.
Você já deve desconfiar
que amo outras,que já tenho vergonha de você.
Agora, espera que eu fuja para ter razão.

Desta vez você perdeu.
Quando eu enfim senti que eu não alimentava sua fome eu fugi, desesperado de ausência. Fiquei refugiado, criando em mim o que te alimentaria de mim. Minha surpresa é você me devorar agora. Você não deixa para mim nem mesmo um traçode ar.
A estenção venosa que pingava entre seus dedos
como toques de Deus ante esta estrela da manhã
expiaram a ausência dos gritos de guerra que te afundaram no trono.
A última lâmina foi uma aceitação tácita.

Tudo estava perdido, você estava condenada
a sempre carregar seus filhos em sua sombra,
esta chaga colocada no fundo do seu orgulho.