28.9.06

Há dias carrego no peito um inferno
que me bate por dentro e não sai pelos poros.
O grito nem alivia o vento
e o mar revolto consome todos meus precipícios.
Pegue estes braços
e quebre as vitrines todas,
o chão quer seu sangue.
Do teu canto sem luz
virá o sangue de toda primavera
que invade minhas veias.
E dos teus punhos,
os ossos quebrados de uma vitória sobre nada.
Seus braços fazendo deste império
o retrato de Deus.
O mundo todo estático
sob a força destes olhos fundos,
sob estes músculos frios.
Corte as veias
que alimentam ofrio da noite sem teto
e diga a todo mundo
que de você vem o sangue e o perdão.
Atravessei a cidade em segundos,
contando dias para te ver de novo
e saber seu cheiro.
Antecipei seus olhares todos,
e quando você se escondeu,
minha mão na sua nuca não bastou
para desafogar o eterno de você.
Você existiu antes que eu te soubesse,
mas quem faz seu beijo sou eu.
Todas as casas ficaram vazias,
as luzes apagadas, e as estrelas,
todas cortando as crateras nos
estacionamentos. Este plano,
feito a fogo, ardeu como sua fuga.

Achei que a morte lutava comigo,
apertando gatilhos,
enchendo trincheiras.

Não.

Ela me encheu de vazio e de amanhã.
Continuei por dias
seguindo um norte que não existia.
Estática sob o Sol,
com veias como rios,
sobre este chão frio.

Nossas cidades
construídas sob fogo,
por estas mãos mortas
de sede e de ódio.

As cruzes de nossas catedrais
furaram nossos olhos,
e vagamos por Tebas
perdidos neste entre rios.

A luz dos postes,
sempre morta, fazia o vento das folhas.
Elas cortaram como navalha seu corpo,
um redemoinho de lâmina,
dor alguma neste corte longo.

24.9.06

Cansei de postar.

23.9.06

Now
I'm
lost.

16.9.06

Desisti de te enganar,
dizer que tudo bem,
que ainda sinto sua falta.

A verdade
é que eu estou sozinho,
consumido no presente,
agonizando pelo imprevisto.

Você me disse
que não ia me esquecer,
mas eu me esqueci daquele jeito,
desisti de implorar para estar são.

Acordo todo dia angustiado,
numa agonia de não saber
e estar totalmente errado sobre o vazio
entre mim e o teto. Ele está cheio de você
e de todas as outras que eu não esqueço nunca.

Sonho todos os dias com os diálogos mais doloridos,
e me esqueço de acordar do vazio que fica
quando você me tira a chance de te odiar
porque você mentiu. Você mentiu e eu te odeio por isso.

Eu te pedi com tanto jeito para ser só eu,
quase implorei para você esquecer
e agora vou com as pontas dos dedos queimando
lavar as mãos nessa água benta.

Não adianta rezar, pedir por favor,
você já perdeu. Eu também, e da nossa miséria
veias abertas de anteontem
contam sua história de dano
e esquecimento.
Aberta a veia,
inundei o mundo de mim,
tingindo a tudo de terror.
Escrevi todo o esquecimento aqui,
e estou me esquecendo porque.

Desisti de querer saber de você,
de saber das suas dores, porque a verdade
é que nunca foi sincero.

Mentimos para nos poupar da verdade dos outros,
porque a dor dos outros nos incomoda,
porque temos que explicar.

E eu vivo a mentir pra você,
para o seu esquecimento,
para a sua dor, para sua fome de mim.

Você nem sabe minha cor favorita.
Juro que achei que fosse sorrir,
mas me veio uma culpa doentia.
Já não consigo mais me emocionar por você.

10.9.06

Blues

Você me abriu no meio,
jogou pelo quarto.
Me deixou cinco notas.
Você foi escorregando,
encostada em mim como se fizesse frio.
Fiquei segundos pensando:
como será
que seu vestido cai melhor?
Te abraçando por trás,
esta seda faz todos os jogos
sob minha mão na sua virilha.
E se desta vez
a gente terminar o filme?
Você beijou todo meu pescoço
só pra me ouvir dizer
que só você me faz cantar assim.

8.9.06

Construimos as avenidas
com toque de ar frio,
só para você passar e fazer nascer tudo.
Situada em semi-tons,
você me deixa confuso,
escrevendo menor teu riso.
Passeando assim por mim,
é como uma tragédia que você,
logo você, tenha fim.

Poderia te ver passando para sempre.
Vivo esquecendo os sapatos na sala
só pra te ouvir gritando
e te contar que adoro te ver brava.

7.9.06

Explodi pela porta
e os cacos todos cortaram o mundo,
deixando os farrapos,
sangrando o cenário de flores.

Um pouco lenta demais,
você me refez de angústia,
e fiquei paralizado sem chorar
o ar de expiação.

A nossa cidade veio abaixo,
fogo e lama como tem que ser,
todos fugimos e sob esta cortina de mágoa
que veio do vapor da destruição,
esperamos que tivessemos coragem e virtude.

Você é a nossa profecia
e com a boca na minha,
o mundo é nosso.

6.9.06

E outra vez, só restou o velho Novo.
Me sinto igual há quatro anos,
falando muita merda, vivendo cada vez menos.
Deus do céu, como eu acordo disso:?
Estou tão inseguroque já invento histórias, corto pulsos.
Morro de medo de ser um fracasso
e estou construindo muros.
As pessoas que eu amavavão longe,
e eu morro de medo, morromorro,
de focar sozinho por saber menos.

Não quero terminar chorando de novo,
não toda aquela perda de novo, todo
terror, a falta de crédito.

O pior, talvez,
é saber da situação,
mas não saber do fresh start.

Não me elogie, não é o que eu preciso,
é a última coisa que eu preciso.

Ou euencaro meu fracasso
ou vou voltar 4 anos.

E eu não tenho mais 17 anos.



Ipê.
Quando meus pais casaram toda cidade estava branca, roxa e amarela de ipês.

Adoro ipês porque eles são árvores outonais, não essa bobagem de primavera.

5.9.06

Falhei miseravelmente em ser um mal funcionário.
As tetas gordas do Estado não me foram generosas
e agora, não sei se fico feliz ou triste
de ser forçado a seguir meus sonhos de fato.

Postergar ficou demais,
mentir ficou demais.

Mas você, sua velha suja,
sempre será esse lixo,
cuspida pelo cantos
dessas folhas velhas.