30.6.06

Ando cada vez com mais nojo de gente.
Nojo de joguinho,
de não viver num livro do Sartre como todo mundo.

Ando me sentindo uma perda de tempo.

Ando morto de vulgaridade,
em minha vontade de te beijar inteira.

Paciência, paciência,
o dia passa, eu também.

Podia te deixar se sentindo um lixo,
te deixar se sentindo usada, cuspida.
Podia te fazer a mulher mais linda do mundo.
Mas você prefere cuspida.

Hoje não, hoje não.
Não é porque te beijo
que passa a confusão.
Mas tu, céu, podes chover.
Adoro acordar acompanhado,
pedaços de mim espalhados
junto aos seus, essa confusão cubista
que somos nós.
Remix.

*em
off*

vaitomarnomeiodoseucusuariquinhaescrotademerda

*sai
do off*
Perdi dois poemas esta semana. ÓDIO.
Now with comments.

28.6.06

Você acordou tarde,
e reagiu de olhos fechados aos meus dedos
no seu cabelo.
Sei que você adora que eu te puxe assim pra perto.

26.6.06

Agradeço pelo pão, pelo suor, pela dor.
Agradeço pelo sentido do trabalho,
que me põe de pé e alimenta minha família.
Que de cada suspiro de angústia
crie-se uma gota de certeza,
de cada lágrima de talvez
aflore coragem.
Que eu tenha coragem, pai.
Que minhas mãos sejam tão fortes quanto as suas
e que no cair da noite, com as velas acesas,
elas segurem também o coração desta casa.
Que eu tenha certeza, pai.
Que minha confiança em mim seja tão grande quanto a sua.
Permita-me que ame, sofra e odeie
com a paixão do justo.
Que de meus dedos caiam absolutos
os toques e de minha boca saiam medidas
as palavras. Que eu seja maior do que o medo,
saiba que o medo é nada.

Que eu seja maior que o medo.

Dai-me coragem, pai.
Dai-me coragem.
Rezo por você.
Que o silêncio não te inunde
como a mim.
Faz de mim vão,
espaço vazio
continuidade deste nada.
Você me ocorreu
vulgar demais.
As histórias, jeitos,
tudo sujo demais.
Acabei de lavar as mãos.

25.6.06

VITO CORLEONE
You can act like a man!

(then, after slapping Johnny on the face)

What's the matter with you? Is this how you turned out? A Hollywood
finocchio that ah cries like a woman?

(then imitating Johnny, as Tom giggles)

What can I do?! What can I do?!

(then)

What is that nonsense? Ridiculous.

* * *

Thanks, Godfather.

24.6.06

If this is a dream, Henry, then the whole world is in it.

Depois de três horas fazendo tudo o que me deu na telha, caiu a ficha: eu só fiz merda.

Esse ano está uma bosta. Eu odeio 2006 como se ele fosse a causa de tudo. Esse ano está uma bosta.

Eu namorei, eu perdi um namoro, meu pai se esvaiu pela janela, eu voltei, eu falei com quem eu bem entendi. Estava tudo um lixo, mas pelo menos eu era eu. Eu, Bruno Novo, inteiro.

Agora eu tenho vergonha. Vergonha de mim, das minhas escolhas. Oscilo insano pelas decisões, pelas vontades.

Talvez você tenha recebido um pedido meu no orkut. Talvez você tenha recebido um testimonial. Talvez um scrap, talvez nada. Fui eu, fui eu, fui eu. A diferença é que eu morro de vergonha de ter feito isso.

Talvez a vontade de não fazer nada seja a própria depressão. Mas foda-se. Quem tem medo de depressão é emo. Ter medo de estar triste é one-way ticket to shitland. Been there, done that.

Essa casa me dá horror. Não consigo gostar de estar aqui, não consigo gostar de estudar aqui. E eu vivo aqui há 20 anos.

Eu gostaria de não saber o que é perder alguém que você conhece há 20 anos. Quem é que não gostaria?

Estou com uma terrível vergonha de mim mesmo. De rir, de amar. Tenho amado desesperadamente. Tenho fico insanamente apaixonado todos os dias. Cada palavra ganha a profundidade de um abismo. E ando pulando sem pensar.

Faz uma semana que eu não choro rezando. Antes fazia anos. Eu morro de vergonha de vocês, de meu pai, de minha mãe, de meus livros, de minha irmã. Sou o mais fraco da minha família e insisto em respirar fundo, respirar fundo de manhã e ligar, saber como está minha mãe, como estão todos, se estão bem, se estão se alimentando. Eu vou insano de mulher em mulher atrás de qualquer coisa, qualquer resto.

O que está frágil não sou eu, é a minha noção de realidade. Onde antes cabia um mundo em mim agora cabe uma planície. Metros e metros de grama. Antes eu sentia todo um universo onde cabiam todos vocês e agora só comporta a mim. Fiquei menor por dentro.

E há uma ou outra música, um ou outro riso que me alarga um pouco. Planta uma árvore.

E daí, Novo?
Quer que eu chore?
Sou o melhor no que faço:
sou o maior loser do mundo.

18.6.06

Dear brothers and sisters
dear enemies and friends

Why are we all so alone here?
All we need is a little more hope, a little more joy,
all we need is a little more light, a little less weight, a little more freedom.
If we were an army, and if we believed that we were an army,
and we believed that everyone was scared like little lost children in their grown up clothes and poses,
so we ended up alone here floating through long wasted days, or great tribulations.
While everything felt wrong...
Good words, strong words, words that could've moved mountains!
Words that no one ever said.
We were all waiting to hear those words and no one ever said them.
And the tactics never hatched,
and the plans were never mapped,
and we all learned not to believe,
and strange lonesome monsters loafed through the hills wondering why.
And it is best to never ever ever ever ever ever ever ever ever ever wonder why.
So tangle - oh tangle us up in bright red ribbons!
Let's have a parade!
It's been so long since we had a parade, so let's have a parade!
Let's invite all our friends,
and all our friends' friends!
Let's promenade down the boulevards with terrific pride and light in our eyes
twelve feet tall and staggering,
Sick with joy with the angels there and light in our eyes.
Brothers and sisters, hope still waits in the wings like a bitter spinster.
Impatient, lonely and shivering, waiting to build her glorious fires.
It's because of our plans, man; our beautiful ridiculous plans!
Let's launch them like careening jetplanes!
Let's crash all our planes in the river!
Let's build strange and radiant machines at this jericho waiting to fall...
- A Silver Mt. Zion.

Outro dia eu volto.
Odeio diálogos.
Gastamos tempo demais
tentando ler ruído,
achando em vírgulas
que deveriamos tocar.

Quantas vezes, nestes anos,
eu já te disse que te amo
quando sei que você não sabe
entender assim. Ninguém sabe.
Odeio filmes
porque absorvo demais
a dor dos outros.
Lush life.


(...) tristeza
de um grande amor por mim.

Sim, eu estava errado.
Novamente, eu estava errado.

(...)

e ano passado, tudo parecia tão certo.

(...)

Eu vou te esquecer, eu vou
enquanto você ainda estiver aqui
(...)lush life (...)
Se não pela redundância,
pela gripe.
Este mundo me faz muito mal.
Minha cidade tem estado
esquecida. Maria Paula,
sem ciúme, me consola
da desilusão de não viver num mundo a dois.

17.6.06

Não sou
metade
do homem que meu pai foi.
Eu não sei pôr sentido
nas coisas, nesta casa,
nessa vida imbecil,
que insiste em nascer.
Você não me faz mal algum.
São seus jeitos que me consomem.
Joguei fora a única carta
que te escrevi. Nenhum de nós
vai saber a verdade.
O vasto nada dessa estrada
devorou a nós dois, tão sozinhos,
unidos em sangue e em rumo.

15.6.06

Lembro o seu rosto e vem
uma vontade imbecil de rasgar
cada músculo num grito.
Consegui confessar
que tenho vergonha
de não estourar em memória.
Sob aquele mar de agulhas
erguemos nossa cidadela de curvas.
Ninguém mudou,
como se soubessemos
exatamente quem de nós
vai terminar machucado.
Fingi muito mal,
que poderia te ouvir falando de outros.

14.6.06

E entre três mil poemas
fui consumido pelo ruído.

12.6.06

Quase chorei vendo
o nascer do dia.
Nunca me senti tão patético.
Agora, na cama,
me senti sozinho de você.
Quis dizer algo e
me lembrei de você indo comigo
à banca de revistas.

Nunca senti meu peito
se contraindo tão rápido.

11.6.06

Você voltou quase rindo.
E eu carreguei o mundo inchado em mim.

9.6.06

O sino tocou agudo,
e das portas das casas,
embalados em seu próprio sono
saíram todos para ver
o rio que desceu das árvores
por entre suas casas,
silênciosos.
Olhos abertos como aquários.
Brincar de você
sempre foi muito mais divertido
do que eu gostaria.
E mais perigoso também.
40 years ago,
the Beatles were asking
where did all the lonely people came from.
Many from hospitals,
but mostly from law schools.

4.6.06

A desculpa foi meu desespero,
estirado sobre as cobertas
naquela manhã fria que custou a passar.
A geladeira vazia te deixou
com ânsia. Você não conseguiu
entender como havia terminado a note aqui.
Sobre meus olhos enclausurados você foi,
sob a luz confusa do amanhecer,
elétrica e virgem de outro dia sujo.
Seus ouvidos ainda doiam
do repetido soar dos tambores,
do vestido colado, da parede
gelada e do meu beijo.
Você queria aquele dia como
o pão grátis da sopa rala
que você carrega agora.


E tarde demais, veio uma grande calmaria,
como se seus dedos
tivessem apagado cada uma
das suas feridas. Você percebeu,
enfim,
que já não havia ninguém a ser pedido.
Todos mortos neste campo cinzento,
povoado de lança-chamas e minas.
Resta você, rodeada
destes seus amigos de rapina,
pensando, séria,
em qual música tocar depois.

Naquela manhã fria que custou a passar,
na parede trincada da minha lavanderia surgiu uma folha.
Sobre minhas cobertas
me agarrei a ela como a uma filha que retorna
enfim, de sua espera.

Você morreu sorrindo para aquela navalha
no seu vestido colado, ao som dos tambores
naquela parede fria.

3.6.06

Não brinque de me fazer feliz,
não sei se agüento outra perda dessas
este ano.
Perto do sonho
descubro que ainda te amo.
Deixo isto ecoando nas cobertas
para quem sabe um dia você achar.
Ante seu lago
joguei meu seixo,
pouco a pouco,
pecado a pecado
para dentro de você.
Sinto uma enorme falta
de sua pele bem cuidada.
Hoje pareço livre de você,
como se pudesse sentar a mesa
com você e sorrir.
É mentira minha,
este monte de cabos
tem me deixado muito amargo.
Me perco olhando
estes dias de maio,
em que o mundo,
feito de tons de cinza,
me engole vivo.
Me debati nas
pequenas pedras
de seu rio até
que sangrei
sob a garoa fina
dos seus céus azuis.
Todas as árvores
em que me apoiei
cairam como se eu fosse
um Deus. Não.
Era você, dia após dia
me abandonando sob o
céu claro de sua
crescente planície.

Rasgo teu chão
com os dedos...
Você nunca entendeu como.
Deixei sobre o mesa
o chapéu que me acompanhou
por este mar até nossa cama.
O dia voltou, não
como eu gostaria, você nunca
esteve aqui. O pó sobre
os móveis, os livros devorados
e os reratos quebrados.
Você deixou a luz ligada.